quinta-feira, agosto 31, 2006

traffic sign hackers




Um sinal é de Buenos Aires, o outro é de Lisboa. Obrigado pela foto, Eduardo.

terça-feira, agosto 29, 2006

E isto







Eis um curto zapping pelas paragens marroquinas.

sexta-feira, agosto 25, 2006

Marrocos é isto







É miscelânea de paisagens, de caracteres, de políticas, de culturas e de hábitos.
A Coca-Cola está presente nas regiões mais recônditas, seja em anúncios, numa grade ao lado do omnipresente pão achatado marroquino, à refeição dos turistas (não convém pedir sumos naturais e não há cervejas na maior parte dos sítios) ou à beira da estrada como recipiente para vender mel. A escrita árabe convive, num aparente anacronismo, com os personagens do Walt Disney. A herança milenar berbere vive amigada com jovens conceitos comerciais estrangeiros. Ao contrário do que eu julgava o horizonte desértico é apenas um entre muitos tipos de horizontes geográficos que o reino oferece. Vimos o Alentejo, vimos o México, passámos pela Floresta Negra, atravessámos a Suíça e descobrimos que, apesar de Chefchaouen se poder assemelhar a Amesterdão (devido aos liberalismos), é na realidade a cidade geminada de Mértola (segundo fonte quase segura). Nos mercados, medinas ou souks, encontra-se tudo: talhantes orgulhoso das suas cabeças decepadas, torres intermináveis de bolos, biscoitos e outros doces que quase desabam em cima do vendedor, camaleões e babuchas, dentro e fora de gaiolas, mulheres ocultas e mulheres modernas, e uma interminável variação de todas as expressões de artesania à disposição do regateio dos compradores. Marrocos é tagine, especiarias, sumo de laranja e a hospitalidade do chá de menta, é francês, berbere, árabe, português, espanhol, emigrante, autóctone, turista, praia, montanha, deserto, camelo, burro, mercedes, "grand taxi" e "petit taxi" e figos de cacto. Marrocos é uma t-shirt de contrafacção adidoss à venda ao lado de uma cimitarra com duzentos anos. Marrocos é mais ou menos isto.

segunda-feira, agosto 21, 2006

O objectivo

“Quando alguém procura pode acontecer que os seus olhos vejam apenas a coisa que ele procura, que não permitam que ele a encontre porque ele pensa sempre e apenas naquilo que procura, porque ele tem um objectivo, porque está possuído por esse objectivo. Procurar significa ter um objectivo. Mas encontrar significa ser livre, manter-se aberto, não ter objectivos.”

in Siddharta – Herman Hesse

Siddharta explica de uma forma simples e quase ingénua (como só os grandes sábios o sabem fazer) que se temos um objectivo, não vemos o que está à frente dos nossos olhos, perdemos a essência de outras coisas que se atravessam no nosso caminho. Depois de uma roadtrip de duas semanas pelo reino de Marrocos, que deitou por terra várias ideias pré-concebidas que eu tinha desarrumadas na minha cabeça, agora posso subscrever com mais convicção esta ideia. Devemos tentar não ter objectivos nas viagens (feito quase impossível). É muito melhor descobrir um restaurante fantástico do que ir cegamente ao restaurante que um amigo aconselhou. É muito melhor descobrir uma bela livraria numa rua perdida de Paris do que ir à Torre Eiffel. É muito melhor perdermo-nos numa cidade do que encontrar uma morada. Este é um processo de libertação que ainda estou a aprender. Claro que certas armadilhas para turistas, certas visitas obrigatórias, certas encenações fotográficas e certos ex-líbris têm mesmo de fazer parte do processo de conhecimento das novas geografias, mas muitas vezes essas certas paragens, só existem para as pormos atrás das costas. Seen it, done it, photographed it. Next!
Cenário utópica para a minha próxima viagem: saio de casa só com um caderno debaixo do braço, vou até ao aeroporto, escolho um destino de olhos fechados e lá vou eu. Se for parar a Faro não me importarei, olharei para Faro com o mesmo espírito como se estivesse a chegar a Chefchaouen, Istambul ou Samarcanda.

domingo, agosto 20, 2006

Descanso

camelos

Os camelos e as galinhas estão de volta.
Depois de duas semana megulhados no calor de Marrocos é bom voltar para a nossa fresca Capital. Os Saldos ainda aí estão, os fogos já por cá andaram, o Tony Blair também já veio de férias. Tudo preparado para o regresso à normalidade. Que bom.

quinta-feira, agosto 10, 2006

Camelos

caderno27

Onde andarão os meus melhores camelos?
Estarão já com os olhos no ocidente, marejados de lágrimas?
Ou terão trocado as namoradas por uma loja de tapetes persas?
Ou ficaram esquecidos no fundo de alguma tenda no deserto,
enrolados em cachimbos de água?

A eles este desenho à moda antiga.

Sacos

caderno26

Temos lixo. Lixo.
A maior parte não é meu.
Mas circunda-me. Cerca-me. Rodeia-me.

Cheira a lixo. Lixo.
Intromete-se na paisagem, conspurca o horizonte.
E Pesa-me. Cansa-me. Farta-me.

Temos lixo. Lixo.