quinta-feira, janeiro 31, 2008

29 espadas. nenhuma delas branca.

cad30.jpg

pronto. cá estou. oiço o mr.cash em loop cantar que o caminho da perdição não tem saida. mais outra vez. e outra, e outra. caminho longo, johnny boy. três da manhã. amanhã levanto-me tão cedo quanto a minha alma o permitir. tão pesado quanto puder. loop de novo. o trabalho nunca foi tão bom como agora. com os meus amigos. os amigos. estão quase todos lá. os do sangue e os outros. everybody and everbody else como me disseram hoje. apaguei quase tudo para trás. quase tudo. god's gonna cut me down.  nunca tive tanta vontade de ir trabalhar como agora. run on for a long time. run on, for a long time.  nunca como antes. tudo por fazer, tudo possível, mais uma mini. e uma aguardente. e outra. e outra, porra. run on for a long time. you are like a kind of 70's playboy wannabe.... and a simple man for everbody else. hahahah que disparate. ainda por cima dito em inglês com sotaque de leste. tão bonito. my heart stood still. and the voice so sweet.
quase trinta, meu menino. vai e faz qualquer coisa de valor. por ti.

quarta-feira, janeiro 30, 2008

full of joy, my lord.

não resisto. ele há musicas que mudam tudo.
mesmo para quem nunca vai acreditar em coisa alguma,
eterno cínico da vida, desiludido por antecipação.
mesmo assim, durante 2:39 minutos, sinto-me melhor.



a cisterna

ou barril. ou pote. ou cuba.
ou vasilha. ou pipa. ou alguidar.

depende de quem lá nasce. no alguidar.
têm aproximadamente 80 anos de altura, e tal.
mais ano menos coisa. depende de quem lá vive, bem ou mal.

vão enchendo. ora de água, ora de mel,
ora de azeite, de vinagre e fel.
de vinho e bílis, de amor e aguardente,
de ódio e sangria, de tristeza e chá quente.

e quem lá nasce, vive lá para sempre.
lá dentro, mais para dentro, cheio e quente.
sempre com menos ar de gente.

depois, depende do peso que se tem.
há quem engorde com os anos, mais coisa menos mal.
quanto mais gordo mais fundo, pior. mais água menos ar.
quanto mais leve melhor, para boiar. mais ar, mais ar.

e assim vão indo, mais ano menos mal.
todos sem tirar nem por, cada um no seu barril,
pote, pipa, cova, sepultura ou alguidar.
mais anos menos coisa, menos ar.

ginásio e treinador. perder peso para flutuar.
beber vinho e fumar, sair na segunda à esquerda para o mar.
afogar-te na tua cuba, filho da puta, menos mal.

e as lágrimas? também contam para afogar?
e rimar? esta merda de letras umas nas outras, umas nas outras.
umas que se põem nas outras, para me afrontar.
quem as tira aqui de dentro, da cuba, da cisterna, do meu mal?

tenho tanto peso nas pernas, na barriga das pernas.
na barriga da barriga do coração da cabeça da alma.
tenho tanto peso que não chego ao cimo. ao ar.
gordo da merda, cheio dela, mal a vês para mijar.
para dentro da tua cuba, para te queimar.

oitenta e tal metros, mais ano menos ar.
de madeira de carvalho, com aguardente antes de fermentar.
rima, rima, rima, ri-te desta rima, antes de a acabar.
a pipa está cheia, acabas-te com ela, peso a mais para a levantar.

a rolha de cortiça é que é boa.
fim.

quarta-feira, janeiro 23, 2008

Design Cops

Mais um projecto que dá "power to the people" neste caso para criticar, opinar e apontar o dedo ao mau design, à má comunicação e às más ideias. Há vários templates que podem ser impressos em papel autocolante. Descolar por aqui.

Amarelo não, laranja

Não vou alimentar as conversas sobre plágio nem dizer mal da campanha da Optimus, aliás já muito bem analisada neste blog, quero só chamar a atenção para estes sorrisos tão naturais como um copo de plástico. "Ninguém vive com estes esgares na fronha." - seria o headline perfeito.

sexta-feira, janeiro 18, 2008

música para os ouvidos





quem me dera ter em meu poder estes vinis....

quinta-feira, janeiro 17, 2008

hell bank notes








a china, esse pais do futuro do entretenimento,
tem tradições magnificas.
uma delas é queimar notas do banco do inferno
para que os defuntos tenham dinheiro para
gastar na outra vida.
ora, dos dois sistemas, parece que
o capitalismo governa mais....

Serviço Público




Na linha dos Adbusters e partilhando algum parenteco com o Bubble Project surge agora um justiceiro que decapita a seu bel-prazer os cartazes que pululam nas nossas cidades. Senhoras e senhores eis o Decapitator!

terça-feira, janeiro 15, 2008

Buracos e Saliências


Nada de pensamentos impuros, estou a falar de cegos e do seu regozijo enquanto folheiam a Playboy , versão braille.

segunda-feira, janeiro 14, 2008

continuo na mesma

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a caminho de almoçar com uma amiga, ela vira-se para mim e pergunta-me que fiz entre o natal e o fim de ano. digo-lhe que um retiro sabático, uma espécie de Ramadão alentejano, onde quase que não bebi álcool, tirando um copo de tinto às refeições - o que é profilático - e que mal comi doces e coisas do género, passando a maior parte do tempo num estado que variou entre o sono profundo e o sono ligeiro.
ela, algo desiludida, pergunta a medo: "mas não vais começar a preocupar-te com a saúde e a ter um comportamento responsável, pois não?"
de repente percebi que a minha amiga não queria nem por nada que eu deixasse de acelerar na auto-estrada do inferno em que ando à tanto tempo. porque alguém saudável e responsável não tem histórias do arco-da-velha para contar. não tem imprevistos inauditos, porque vive num são e monótono dia-a-dia.
não há pior companhia que a companhia sem histórias. a que conta com riqueza de detalhe uma iterminavel ladainha de banalidades inócuas.
realmente antes a highway to hell (cuja entrada aparece sempre que se pede a segunda aguardente velha no fim do jantar), do que o vazio do aborrecimento.
podemos sempre deixar de representar o papel que criamos, deixar o papel que os nossos amigos gostam que representemos, com o qual se sentem confortáveis. podemos sempre mudar. mas raramente surgem motivos para essa mudança. raramente vale a pena o esforço de ser melhor.

Citizen Pacheco


E começo a deambular, de árvore para árvore, e vou comprar castanhas ao cimo duma escadaria porque as duas miúdas broncas para coisas de entre-pemas vieram também ali abastecer-se; o meu fito era chegar à fala com elas e daí às mais graudinhas. Começo a comer castanhas e fico raivoso - ou embuchado? Escrevo então dois bilhetinhos (de que desculparão o estilo parvóide: nestas coisas de engates de miúdas e, até, de graúdas, segundo opinam os entendidos, quanto mais estúpidas as declarações de amor mais resultadodão, aqui a intenção, a sugestão é tudo), em folhas arrancadas da agenda, assim: Preciso muito de falar consigo, diga-me o seu nome e morada; outro, assim: Lambia-te toda, desde as maminhas até ao pipi. Verás que gozo, é melhor que bom, em linguagem infantilizada, a ver se pega. Amachuco-os até caberem numa bolinha dentro duma casca vazia de castanha, que guardo na algibeira da blusa, ao lado da bolota que me caiu em cima dos ombros esta manhã e considero um talismã... ora agora aqui se podem rir da minha infantilidade, mas olhem que vi O Mundo a Seus Pés. Viram ? A castanha amorosa é para mandar à gorducha ou à outra, a tal compostinha, isto se chegarmos à fala, do que já começo a duvidar; sinto que estou a perder tempo (como o outro tonto, a redigir petições sinceras) e precipito os acontecimentos. Aproximo-me do banco delas e faço um jogo declarado de olhares furiosos, de cem megatoneladas, para a gorducha lorpa, que é a que me deita as trombas de frente; a outra, a sagaz, está de costas. A velha topa-me ou é informada (porque há gente capaz de tudo, seria alguma das miúdas ou das brutinhas primárias?), e resolve arrecadar o rebanho para casa. Vou-as seguindo a distância, e pelo caminho inda catrapisco umas malfeitonas que andam a saber o seu Destino numa maniqueta chegada da América que diz se o que se tem no pensamento sairá certo ou errado, e dá uma sina disparatada a cada cliente, tudo por dez tostões (esqueci-me de dizer que no caminho para lá, para o repouso ao pé do estádio, a miúda gira tinha ido consultar a maquineta, muito azougada e preocupada com o seu futuro, e foi aí, até, que reparei como era vivaz e um tanto parecida (ou não seria ilusão minha?), nos modos e cabrice, com a Geninha. Começo a ver que, com guardiã à perna e saloias até mais não, destas fulanas não levo nada. Preparo uma vingança digna dum Libertino nos domingos sonolentos de Braga. Elas vão ao fundo da avenida; então, chamo um puto com cara de esperto: "Eh pá, queres ganhar uma croa? (eu tinha só três) sim, senhora! atão, entrega esta castanha àquela menina que vai ali, de casaco preto e saia branca. Mas de modo que ninguém veja...". O puto desata numa corrida e eu atravesso logo para o outro passeio, como o bombista que se afasta dos estilhaços que ele próprio provocou. Anarquismo minhoto!

por Luiz Pacheco in O LIBERTINO PASSEIA POR BRAGA, A IDOLÁTRICA, O SEU ESPLENDOR (1970)

Tive de ir a Braga pela primeira vez para conhecer este texto e, no meio da minha culpa ignorante, morre o autor libertino. Espero que haja castanhas e miúdas broncas, todas elas quentes e boas, no sítio para onde te escapuliste.

quarta-feira, janeiro 09, 2008

Trajan



Existe um maneirismo epidémico no design para filmes, é uma font e chama-se, adivinharam - "trajan".

sábado, janeiro 05, 2008

Homenagem aos Momentos Epifânicos

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"hoje em dia, só não fica maluco quem não quer.", dito por um dos três velhotes da fotografia.
"isso é um vicio mesmo manhoso.", dito por outro dos velhotes da fotografia, quando lá vou pedir lume.
"nós, quando formos velhos", dito pelo sr.Lda, de lágrima no canto do olho acompanhada de mini no canto do balcão.

Africa

Em Kampala, capital do Uganda, Abu conversa com o escritor espanhol Javier Reverte:
-Qual é o teu Deus?
- Nenhum.
- E pode-se viver sem Deus?
- A mim não me faz a mínima falta.
- É estranho... na Europa há muita gente sem Deus. Vocês trouxeram a vossa religião para África, e agora não acreditam no vosso Deus. Porque é que o trouxeram, então?