sexta-feira, novembro 16, 2007

Branding Segundo Frank Lucas (Marca Visível, Gestor Invisível)

Há uns tempos atrás foi editado um livro de Anthony Schneider intitulado “A Gestão segundo Tony Soprano”. Ao que parece teve sucesso graças aos seus métodos pouco ortodoxos, pragmáticos e inteligentes de gerir. Esta inspiração no modus operandi de uma personagem de ficção, mafiosa e italo-americana deverá ser bastante inspiradora, mas as lições de Frank Lucas, essas já devem estar a ser introduzidas nos manuais escolares do próximo ano, até porque aliam o glamour dos gangsters à fiabilidade de uma história verídica.

Frank Lucas é o personagem principal do último filme de Ridley Scott – American Gangster, baseado em factos reais decorridos durante a Guerra do Vietname e localizados no Harlem. A estratégia de Frank Lucas é a de um puro empreendedor que corta os intermediários, vai directamente aos produtores asiáticos e vende um produto “twice as good and half as cheap”, ou seja, coca e heroína 100% puras. O princípio não é muito diferente do modelo de negócio da multimilionária Ikea: mobiliário barato, bom design e o consumidor leva-o para casa e faz o que quiser com ele. A uma certa altura, Frank dá uma lição de branding a um dealer que fazia revenda do seu produto “Blue Magic” cortando-o com farinha e retirando-lhe a reconhecida pureza.

Ponto 1, a marca:

“Blue Magic is a brand name, like Pepsi.”

Ponto 2, os consumidores vs gestor:

"They don’t know me any more than they know the chairman of General Mills."

Ponto 3, a expectativa:

"When the customer buys Blue Magic they expect a certain level of quality, so when one of his dealers cuts and mixes his own product but sells it under the same name, that’s trademark infringement."

Um gangster a falar de gestão era algo a que já estávamos habituados, mas a defender a consistência de uma marca desta maneira, é definitivamente uma postura que muitas agências de comunicação deveriam copiar.

Ao contrário da marca, o seu gestor deve manter uma postura low profile, especialmente se a marca representar um produto ilícito. E nunca, em caso algum, aparecer em público com sinais exteriores de riqueza ostentatória, vestido, digamos, com um casaco de peles de marta e barrete a condizer, a peça que despoleta a caça ao american gangster no filme de Ridley Scott e o úncio momento em que Frank Lucas comete realmente uma traição à sua essência, de homem aparentemente invisível.

“The loudest man in the room is also the weakest man in the room.”

Entretanto descobri um site produzido pela Interbrand que refere brands cameos, a aparição de marcas em filmes, tema bastante na ordem do dia, no momento em que sairá brevemente uma nova directiva europeia sobre product placement.

5 comentários:

Anónimo disse...

De acrescentar que as peles que despoletaram a caça ao gangster foram oferecidas pela sua bela mulher, para que as peles dela fizessem "pandan" com as peles dele. Meus senhores, por muito durões que sejam, as mulheres serão sempre uma perdição.

purita disse...

sempre as mulheres...:)

ps. o filme é um bocado chato!

Anónimo disse...

Fui ver e AMEI.
A composição do Russel Crowe é inacreditavelmente boa e o Denzel Washington consegue manter um pulsar negativo permanente, mesmo nos momentos em que simpatizamos com ele (até no Dia de Treino era impossível não simpatizar com ele).
Só tive pena de
1 - não ver mais conversa de marca porque é realmente um dos melhores momentos do filme,
2 - não ver mais o cuba gooding jr. que tem talento para esbanjar,
3 - que se perdesse tanto tempo com as cenas sórdidas de quem se agarra ao cavalo, porque são mesmo desnecessárias e gratuitas.

Anónimo disse...

O filme foi muito bem dirigido. Uma história de um "progresso" de um negro, naquela época, foi muito bem colocada e desenvolvida. Mais uma vez, o ator Denzel Washington brilha sutilmente, sem fazer nenhuma força e nos prende para sabermos o que acontece. Apesar de ser muito frio no filme, nos envolve de uma tal maneira, a ponto de torcermos para um final "feliz".

Anónimo disse...

Adorei o filme, cheguei a torcer para un final feliz mesmo quando entendia que ele era um criminoso.Denzel Washington é incrivel esta sempre surpreendendo,maravilhoso.