Não é de todos os dias este "dar" um livro.
Oferecem-me muitos, vindos directamente da mercearia (que os livreiros já não existem, agora todos são merceeiros, como merceeiros são o tio Belmiro e o presidente da Pátria).
Mas dar, tirar da estante própria não é de todos os dias.
Entretanto encontrei este poema no blog onde escreve o sr. Autor que me deu o seu livro.
Lê-de, irmãos.
TAV 69 remisturado por Abstraxixe
1
Devia dar-te 200 euros
só te dei cem
caramba ei-los
100 menos tens.
2
A actriz estende a mão e diz
“eu nem consigo que tu te sentes
dois segundos para falares comigo”
two seconds
o tradutor
que olhava para a imagem
escreveu 5 segundos
foi o meu primeiro pensamento
ela estendeu a mão aberta.
3
Bules
substituis as omeletas
que caem do prato suspenso
na cabeça do xerife
e à noite estendes
todo estourado
ou arregaças as calças
para substituir as omeletas
que caem da cabeça da mulher
que atravessa o rio
com água pelos joelhos?
bules
fazes o que outros povos fazem
é mais comum substituir omeletas
quando te mandam.
Nuno Moura
antologiadoesquecimento
3 comentários:
Aquilo que o Sr. Funesto quer dum livreiro poderá encontrar (talvez apenas uns resquícios) nas livrarias de fundo de catálogo (Ler Devagar) e nos alfarrabistas. Talvez.
Obrigao por me apresentar um bom blog e nova poesia.
Talvez nas escadinhas do Duque ou debaixo da pala do Segadães naqueles dias que penso ainda existirem.
E a Ler Devagar do Bairro Alto foi obrigada a fechar... agora só a da Cinemateca.
Enviar um comentário