terça-feira, julho 18, 2006

deram-me um livro ontem.

Não é de todos os dias este "dar" um livro.

Oferecem-me muitos, vindos directamente da mercearia (que os livreiros já não existem, agora todos são merceeiros, como merceeiros são o tio Belmiro e o presidente da Pátria).
Mas dar, tirar da estante própria não é de todos os dias.

Entretanto encontrei este poema no blog onde escreve o sr. Autor que me deu o seu livro.

Lê-de, irmãos.



TAV 69 remisturado por Abstraxixe
1
Devia dar-te 200 euros
só te dei cem
caramba ei-los
100 menos tens.

2
A actriz estende a mão e diz
“eu nem consigo que tu te sentes
dois segundos para falares comigo”
two seconds
o tradutor
que olhava para a imagem
escreveu 5 segundos
foi o meu primeiro pensamento
ela estendeu a mão aberta.

3
Bules
substituis as omeletas
que caem do prato suspenso
na cabeça do xerife
e à noite estendes
todo estourado
ou arregaças as calças
para substituir as omeletas
que caem da cabeça da mulher
que atravessa o rio
com água pelos joelhos?
bules
fazes o que outros povos fazem
é mais comum substituir omeletas
quando te mandam.

Nuno Moura
antologiadoesquecimento

3 comentários:

O Despachante disse...

Aquilo que o Sr. Funesto quer dum livreiro poderá encontrar (talvez apenas uns resquícios) nas livrarias de fundo de catálogo (Ler Devagar) e nos alfarrabistas. Talvez.

Obrigao por me apresentar um bom blog e nova poesia.

Luis Mileu disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Luis Mileu disse...

Talvez nas escadinhas do Duque ou debaixo da pala do Segadães naqueles dias que penso ainda existirem.
E a Ler Devagar do Bairro Alto foi obrigada a fechar... agora só a da Cinemateca.