sexta-feira, junho 29, 2007

Ricardo II

em campo no D. Maria II com uma cenografia e figurinos fantásticos em que o cenário é um relvado, o trono uma cadeira de praia, o simbolismo da morte são dois baldes e as vestes de época são trocadas por equipamentos de futebol retro.

RicardoII

RicardoII_1

Encenação NUNO CARDOSO / Cenografia F. RIBEIRO / Figurinos STORYTAILORS

quarta-feira, junho 27, 2007

respira

"[...] sentes água nos pulmões? pressão no peito?
não é água. é acidez, é amargura.
é um peso de chumbo, é carvão que já ardeu.
vai apanhar penas e rebola na lama, bem que o podias fazer.
vai à merda, filho de uma égua. vai à merda.
então, que é isso, não desistas. respiras ainda.
perdeste o brilho? que é isso que se ouve quando ris?
é nada, mais que nada. é oco.
vai à médica. a senhora doutora lá saberá que comprimidos te vão curar.
é riso gravado. é contentamento de nada. é um reflexo condicionado.
sabes lá tu. não consegues é ver o que realmente importa. não te estás é a ver bem.
inventas. deliras. tu o que tens é febre. tosse lá para eu ouvir.
vai à merda, filho de uma égua. vai mas é à merda.
é preciso paciência para ti, realmente. vamos lá outra vez. o que é que tens tu afinal?
nada, menos que nada. vontade de correr. mas fumo demasiado, e tenho tosse.
então deixa lá de fumar, faz uns sumos, dorme como deve ser. e vais ver que isso passa.
não tarda estás a correr a maratona.
corre tu, não te disse já para ires à merda?
e vou, deixa-lá isso. tens tudo o que é preciso. outros no teu lugar andavam contentes.
claro que andavam. tens toda a razão. tu e os outros todos. todos têm toda a razão. todos sabem o que é bom. mas isso dá me cá um abalo ao pífaro que nem calculas.
então e vais ficar nesse estado? feito parvo?
não.
não? e o que é que vais fazer?
não sei.
mau. és mesmo parvo. vá, tens que pensar como é que mudas, ora essa!
como sempre. fico na mesma. será o que for. como for. posso fingir que sei mais do que sei. mas não é verdade. vou inventar.
isso não é nada inteligente....
hahahaha pois não. nunca tive grande queda para decisões inteligentes. [...]"

terça-feira, junho 26, 2007

évora blues

caderno50


Sábado, cinco e meia da tarde, numa esplanada na Praça do Giraldo.

- Traga-me uma mini, se faz favor.
- Mini? Mini, o quê?
- Uma mini, caramba.
- Sim, mas tem muita coisa mini aqui.
- Uma cerveja. Uma mini, ora essa.
- Há, cara, não tem não.

Era sábado, nos sábados não há sopa de tomate na Oficina.
Por ser sábado. Toda a gente sabe.
Também não há minis. Muita gente não sabe o que são.

No domingo estive com o J, diz-me vezes sem conta:
- Eu agora não espero nada. É um dia de cada vez. È o que conta. Já não me chateio.
Um dia de cada vez. Não vale a pena. Temos que ir com calma. Devagarinho.
É a vida. É assim. O importante é ter saúde. Isto é tramado, difícil. Sabes como é.
Já não tenho ilusões. Não quero é chatices. Estou bem assim. Com calma.

Depois encontro a C. na caixa do supermercado.
- Então rapaz, não te via há anos, dá cá um beijo.
- Pois é, pois é.
- Tens uma t-shirt muito gira, onde a compraste?
- Não sei... já não me lembro.
- Mas não te via há muito tempo.
- Pois, estou à onze anos em lisboa, sabes como é....
- Também estive em lisboa, a tirar um curso de fotografia. Mas o meu marido roubou-me o coração e voltei, por causa do meu filho.
- Claro, fazes bem.
- Sim, mas tu sabes que foi pelo meu filho, sabes o meu Q.I.
- ....
- Se não sabes, pelo menos imaginas. Eu ainda continuo com a fotografia. Mas fotografia artística. Como sempre foi, aliás.
- ....
- Bem, dá cá mais um beijo, gostei de te ver.
- Também eu, rapariga.

Saio do supermercado com três garrafas de tinto, duas com o nome escrito em braille, e uma tristeza profunda no coração.

segunda-feira, junho 25, 2007

O Estado do Mundo

Estado do Mundo 1
Este é o estado dos jardins da Gulbenkian, coberto de padrões vários a propósito do Forum Cultural Estado do Mundo.
Estado do Mundo 2

quinta-feira, junho 21, 2007

Provavelmente



é assim que muitas crianças vêem o mundo animal. Da Saatchi London.

a casa

constrói a tua casa

com ferro e pedra,

com pena e dor.

constrói a tua casa

como um forte,

para que não

venha nada mais.

constrói a tua casa

de pena e dor,

de ferro e pedra.

como um forte,

para que nada, nunca mais.

achas que sim?

terça-feira, junho 19, 2007

Nem Chen nem Cardinalli

Enquanto andam uns na demanda do que é original, novo e fresco, a tentar reinventar a roda, para outros, mais espertos e práticos, um lifting, duas marteladas contrafeitas e já está, temos ideia, temos identidade.

segunda-feira, junho 18, 2007

Multidão


Depois de feita uma pequena etapa do Camel Trophy e de descermos de corda até à praia, tivemos de aturar, não uma, não duas, não três, mas umas dezenas de gaivotas sem arcas frigoríficas, sem filhos, sem bolas a saltar, sem gritos tipo "Anda cá Vasco Manuel!", sem vendedores de gelados, sem bandeiras. Nada! Foi um aborrecimento, foi sim senhora.