A morte é uma coisa dos vivos.
Só eles pensam e se remoem a pensar nela.
Só eles se angustiam quando aparece na pessoa de um familiar desaparecido.
Só eles se agarram às minudências da mundanidade final.
- Pelo menos não sofreu.
- Pelo menos os filhos já estão crescidos.
- Pelo menos tinha a vida arrumada.
Velórios, enterros e cremações são uma autópsia de grupo
Que emite lugares comuns sobre o único lugar onde seremos sempre estrangeiros
E ignorantes.
- Está no céu..
- Está na terra.
- Está no jardim.
Com o nascimento, os vivos, têm nove meses de preparação, e não chega.
Com a morte recebem uma vida inteira e é sempre uma revolução que se instaura
Sem ideais.
A inadequação é definitivamente a única forma de lidar com ela.
Por mais avisos, telejornais ou electrocardiogramas, nunca ninguém vai aceitar que
A morte é uma coisa dos vivos.
domingo, abril 20, 2008
E assim me angustio
Postado por O Despachante às 9:33 da tarde
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1 comentário:
Não está no jardim, porque apenas tinha um relvado, já não está na Terra porque foi cremado e no céu quem sabe?
Os jovens reflectem sobre a morte e eu que pensava que lhes era longínqua e indiferente
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