Dois Fast Eddies, um de 1961 outro de 1986. Parte do meu imaginário de jogar snooker, nasceu em 86, altura em que comecei a rodopiar o taco entre jogadas nos jogos com o meu pai e a sonhar com um Balabushka.
O Fast de 61, mais alcoólico e sofrido, só o vi recentemente e às tantas diz ele assim: "I'm the best you ever seen, Fats. I'm the best there is. Even if you beat me, I'm still the best."
E assim o imaginário se cristaliza, como se as bolas de marfim tivessem sempre sido de cristal.
segunda-feira, setembro 29, 2008
Even if you beat me, I'm still the best.
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domingo, setembro 28, 2008
já não se consegue ver se foi um homem bom ou um crápula cruel
os olhos são de criança.
a cabeça brilha com a luz reflectida na piscina natural de ondas falsas.
a cara sempre foi igual.
pelo menos para mim, não mudou nos últimos trinta anos.
apenas o olhar foi desaprendendo.
antes era velho e cheio de histórias, agora olha através de mim sem respostas, sem memória, apenas com o medo e a ingenuidade de quem vê tudo sempre pela primeira vez.
à sua volta a família.
toda a família. a que sabe onde ele está. ou a que está para lá estar.
as filhas parece que são suas irmãs.
a diferença entre oitenta e cem anos é de apenas um olhar.
voltarei a ver a família no próximo funeral. ou no próximo casamento. tanto faz.
a família toda. a família nada.
Postado por Sr. Nefasto às 9:48 da tarde 1 comentários
sexta-feira, setembro 26, 2008
Heart Explosion
O design não precisa de mais corações, já surgiram de todas as formas, mais fofinhos ou mais sanguinolentos, já povoaram cartazes, decorações de montras, identidades, lineares de supermercados, embalagens, restaurantes em lisboa, no meco, no algarve, no cu de judas.
Os corações em design dão vontade de vomitar. Matem todas as lovebrands, loveposters e t-shirts "I Love NY". Irra pá, larguem o miocárdio!
Foi então que reconsiderei. Obrigado Andrei Robu por matares o meu fundamentalismo.
Postado por O Despachante às 6:29 da tarde 0 comentários
Marcadores: Design
Jeep
Da BBDO, Kuala Lumpur. A ideia é tão boa e simples que tanto dava uma grande peça de design como deu um grande anúncio de imprensa que me deixou a uivar e a babar de inveja.
Postado por O Despachante às 2:14 da manhã 0 comentários
Marcadores: Design, publicidade
quarta-feira, setembro 24, 2008
The best invitation ever
X + X + X = Um convite de trigésimo aniversário que fica para os anais.
Postado por O Despachante às 4:07 da tarde 1 comentários
Marcadores: diesel, publicidade, XXX
O que eu queria mesmo era recuperar-te
Sabiam que existe um projecto contra o furto e a incúria do património azulejar português? Chama-se SOS Azulejo e descobri-o num site aqui ao lado. E conheciam estas intervenções que aliam arte e recuperação? Ver foto.
Postado por O Despachante às 3:35 da tarde 0 comentários
Marcadores: lisboa, street art
It's not easy being green
Mais um trabalho sanguinário do The Decapitator.
Postado por O Despachante às 2:18 da tarde 0 comentários
Marcadores: decapitator, street art
terça-feira, setembro 09, 2008
Something Special
Já estava na altura de alguém fazer uma letra a glorificar as mulheres anfíbias, da indochina de leste, presbiterianas e até hermafroditas. Salvé Flight of the Conchords!
Postado por O Despachante às 11:05 da manhã 0 comentários
Marcadores: anfíbias, light of the Conchords, música
segunda-feira, setembro 08, 2008
sexta-feira, setembro 05, 2008
A Arte da Citação
Novos
trabalhos
de
Banksy
em
New
Orleans
Postado por O Despachante às 9:08 da manhã 0 comentários
Marcadores: banksy, street art
terça-feira, setembro 02, 2008
Olhar, sorrir e voltar
Eu nunca tinha visto o Sérgio. Quer dizer, já o tinha visto pelo menos uma vez na rua, ali ao pé do paquistanês da rua da imprensa nacional e ainda este Verão o vi perto de Tavira, em Cacela Velha, no mesmo restaurante que eu. Mas nunca o tinha ouvido ao vivo. Estive quase, num dos Sudoestes, mas só o apanhei a dizer "Olha a Lua tão bonita lá no alto". Uma outra vez, há cerca de uns dez anos atrás, ia vê-lo finalmente num festival qualquer da semana académica em Algés. Só que, depois de uma prova temerária com o nome de "álcool challenge" que implicava beber 5 shots indescritíveis (um deles era o TGV) e o precedente troféu de dois copos gigantes de cerveja, pouco deu para ver, ouvir, cheirar, andar ou sentir.
Delirámos com o Flak a solo, competimos com o grau de embriaguez do Jorge Palma e na altura do Sérgio já estávamos a revelar o que nos ia no interior em plena viagem de Táxi. Continuava falhada a minha missão de finalmente ver o Sérgio. Eu, que apesar de não ser o fã número 1, achava que o único defeito duma amiga era não gostar do Sérgio, eu que pintei em letras garrafais, numa garagem em frente à Cornucópia, "O PAÇADO É UM PAÍS DISTANTE", assim mesmo com erro, porque todos os escritos murais têm de ter um erro, eu, que dou por mim a cantar "desce as escadas quatro a quatro" sem dar por ela, eu que tive uma educação de esquerda e tão anti-ditadura quanto algumas letras do sérgio, eu que acho estas palavras:
"A noite passada acordei com o teu beijo / descias o Douro e eu fui esperar-te ao Tejo / vinhas numa barca que não vi passar
corri pela margem até à beira do mar / até que te vi num castelo de areia / cantavas "sou gaivota e fui sereia" / ri-me de ti "então porque não voas?" / e então tu olhaste / depois sorriste /abriste a janela e voaste"
das mais bonitas que já se escreveram na língua daquele poeta que se meteu numa rixa no beco do tronco. Eu que reconheço no Sérgio a genialidade de resumir a vida da maior parte dos membros da raça humana na frase "à espera do comboio na paragem do autocarro". Eu enfim, parvo, só a semana passada, graças aos concertos do Casino do Estoril (quem diria que seria ali no antro do jogo e do capital!) vi, ouvi e senti pela primeira vez o Sérgio Godinho.
E então senti a magnitude do cantautor que já não precisa de cantar. Todo o público cantava, surpreendentemente afinado, por ele. Senti a constante renovação musical das boas velhas e actuais palavras, com bons músicos a fazerem de cada música ao vivo uma experiência renovada, inclusive com batidas criadas por uma máquina de escrever.
No final não me surpreendeu, pelo contrário, confortou-me saber que aconteceu como imaginara. Depois vieram dois encores. E na última canção, só ele, a guitarra e a ironia, acabou assim:
"ainda bem que voltaste".
Postado por O Despachante às 4:34 da tarde 4 comentários
Marcadores: concerto, música, sérgio godinho
segunda-feira, setembro 01, 2008
mantra do frio amanhecer
raios partam,
por não adivinharmos a curva. apertada.
a que não tem marcas amarelas que avisam para que lado se torce.
aquela que vem, depois da lomba, quando é de noite e as árvores não deixam alternativa.
zumn zumn zumn.
raios partam,
por não fecharmos a janela para que as coisas não deixem som ao passar tão rápido.
por não amarmos os sorrisos que criamos, sabendo o que custa deixa-los morrer.
todos se perdem numa curva que alguém fez, mas não marcou.
uma curva sem pistas.
zumn zumn zumn.
raios partam,
o amanhecer. que não deixa ver depois da curva, que apenas confunde.
o amanhecer frio, sem fim. que todos dizem amar, sem ver.
que chega quando é mais fácil esperar a direito, sem reduzir.
zumn zumn zumn.
raios partam,
porque era uma vez uma curva torta, retorcida, imprevista e imprevisível.
que apareceu depois de se ganhar balanço, quando não se sabia que ainda estava por fazer.
veio e ainda não se deixou passar.
zumn zumn zumn.
raios a partam. e a mim que a fiz.
Postado por Sr. Nefasto às 3:49 da manhã 2 comentários