quarta-feira, maio 31, 2006

Herético

Tenho pensamentos impuros.
A minha vontade perde-se por ímpios caminhos.
Dia-sim-dia-não blasfemo contra o todo-mais-do-que-sagrado.
Trilho um caminho de perdição sem retorno.
Quando todos - os meus mais chegados inclusive - descobrirem, serei ostracizado.
Terei como castigo não um cálice de cicuta, mas sim uma banheira de cianeto.

E mereço.
Pois mereço.
É-me muito bem feito.

Por sentir prazer em não querer saber da Selecção Nacional.
Por não acreditar no seu poder redentor.
Por desprezar a salvação que anunciam à Pátria.
Por rir sobranceiramente dos que colam bandeirinhas nos tejadilhos dos carros,
julgando que são velas que ganham milagres.
Por ter vergonha das mulheres que formam bandeiras humanas - as mais belíssimas, dizem - como quem vai de joelhos e em fila indiana a um sitio que eu cá sei.
Por não ler os sábios artigos de todos os iluminados treinadores havidos
e por haver sobre se os discípulos foram bem arregimentados ou não.

Castigai-me pois, que eu mereço.
Amigos, perdoai-me na vossa graça infinita.
Mundo, não me vires as costas neste momento de fraqueza humana.

Prometo ver todos os jogos da Santa Selecção Nacional.
Beber todas as minis que a minha força permitir durante a partida.
Gritar até que a voz me doa e tudo o resto que é mister fazer.
Talvez assim ainda tenha salvação.

segunda-feira, maio 29, 2006

terça-feira


E de repente, à hora do almoço, em Lisboa, somos transportados para uma realidade muito paralela.

Claire's photos




As fotografias de Claire (personagem da série Sete Palmos de Terra) são do Sr. David Meanix.

E uma curiosidade sobre as medidas da morte: nos Estados Unidos as pessoas são enterradas a "Six Feet Under", em Portugal confraternizam com as minhocas sete palmos debaixo do coveiro e em Espanha não estão com meias medidas e depositam os defuntos "A dos mietros bajo tierra".

terça-feira, maio 23, 2006

XXX

ratitos

Victorious Projectus in rectoricam videm.
Inclibilis et tremendus est.
Alucinatorium cum laude.

Vederem cena tenemos.

XXX anni felititarum zequinimuns.


In terminus torrerem.

Toma

Toma
Toma pelos Zéquinhas
Toma pelo Funesto
Toma por Barcelona
Toma pelo Califórnia
Toma pelo Painel
Toma pelos caracóis
Toma pelas Jolas
Toma pelos desenhos
Toma pela Alice
Toma pelo Teatro
Toma pelo Sonar
Toma pela Neve
Toma pelo Sol
Toma pelas Tascas
Toma pela Graça
Toma pelo Frank
Toma por partilhares
Toma pelo Honesto
Toma pelos cadernos
Toma pela Ericeira
Toma pelos livros
Toma pelas cenas
Toma a sério
Toma pelo inconformismo
Toma pela criatividade
Toma pela inspiração
Toma pela amizade
Toma pela dedicação
Toma por cá andares
Toma pelos 30 anos

segunda-feira, maio 22, 2006

ainda barcelona





sexta-feira, maio 19, 2006

Australanka

A Michelle voltou e as suas fotografias também. Não, não lhe telefonem para casa, dialoguem com ela aqui. Espreitem o seu malabarismo com o fogo, a viagem à Tailândia e aquelas coisas que só lhe acontecem a ela (nem sempre há fotografias).

quinta-feira, maio 18, 2006

Ele notoriamente auto-complacente, investia toda a sua generosidade na auto-ironia

Considero o Pedro Mexia um fenómeno recente, pelo menos para mim, até porque está sempre a aparecer aqui e ali, portanto é sempre recente. O personagem Mexia está algures entre um Woody Allen lusitano que nos relata os seus problemas com as mulheres e um Nuno Rogeiro, revisto e aumentado.

Na mesa redonda em que se discutiu a vida e obra de Samuel Beckett, Mexia foi o único que despertou verdadeiramente o interesse da plateia, mais do que o encenador/actor que trabalhou com Beckett, mais do que a professora de Drama da universidade de não-sei-onde e mais do que a auto-centrada actriz Graça Lobo que também teve graça, mas involuntária. “Ele gostava muito de mulheres bonitas. De mulheres com graça. Ele era um génio.” Disse, entre outras frases preciosas, a actriz. Depreende-se então que todos os homens que gostam de mulheres bonitas são geniais. Mas voltando a Mexia, na mesma mesa redonda assumiu-se como o não-especialista entre os especialistas, algo em que se estava a tornar um especialista. E depois falou pouco (essencialmente sobre o facto de Beckett escrever as suas peças tanto em inglês como em francês) e bem, como poucos especialistas sabem fazer.

Baixa(r) comentários

“Fui almoçar à Baixa.” A Amanda comentou: “Porquê? Foi comprar meia? Isso é programa de avó!” Sendo a Amanda copy e brasileira, esperaria que tivesse comentado algo mais do género “Que baixaria!” Mas não.
Aqui ficam as provas do meu crime:






Quando passei pela vaca esculpida em flamengo, uma criança de 3 anos teceu este comentário: “A vaca do Magalhães vem beneficiar sobremaneira os enquadramentos fotográficos da sobejamente envelhecida estátua do D. Pedro IV.” Assim, tal e qual, mais coisa, menos coisa.

quarta-feira, maio 17, 2006

A Cena Já

Queremos uma cena.
Uma cena nova. Fixe.
Que nos tire desta cena fatela.
Nos leve leves para todos os sítios.

Uma cena para nos estiraçarmos ao sol.
Uma cena rodeada de minis frescas.
Um cena para ter no terraço.

Para recordar nas tardes do Painel.
Para admirar entre caracol e caracol.

Uma cena. A cena.
Uma em que ninguém tenha pensado.

Fresca. Salvatória. Escapatória.
De glória.
Para a glória.

Uma cena para vencer todas as outras cenas.
Uma cena e pronto. Não falamos mais nisso.
Estamos prontos, amigo.

Venha a cena.

terça-feira, maio 16, 2006

A CENA


Como vampirizar dois produtos reconhecidos por todos e conseguir safar-se com isso? (leia-se ganhar dinheiro e não ser processado no intento)
A resposta aqui.

segunda-feira, maio 15, 2006

Meca






Nas paredes ao nível dos olhos e nas alturas, nos bares, nos cafés, nas horizontais e diagonais, nos museus de rua e nos oficiais, nas galerias e nas lojas, nos restaurantes da moda e naqueles acima das tendências, nos autóctones e nos turistas, nos festivais organizados e nas manifestações espontâneas que germinam nas ruas, nos mercados e nas praças, nos chiringuitos cheios de hype e nas ruelas húmidas de história, roubos e conspirações, nos clubes suados, sujos e sedutores e nas filas inexplicáveis das peregrinações habituais, no gótico, no barroco, na arte nova e no modernismo, na persistência de uma língua e de uma identidade, nos pés e rins doridos de tanto andar, na praia conquistada, nos imigrantes e passantes, na oferta e na procura, Barcelona é sem dúvida uma cidade em constante ebulição, onde todos os fieis da civilização deveriam ir uma vez na vida, tal como os muçulmanos se obrigam a ir a Meca.

sexta-feira, maio 12, 2006

Natureza morta

SONAR2006
A imagem da campanha do Sónar 2006 anda em torno do conceito clássico "naturezas mortas", contextualizada num ambiente contemporâneo.

quinta-feira, maio 11, 2006

Obey or die

godfatherdon
Uma colecção de posters inspirados na famosa triologia do Padrinho.
Todos assinados por Shepard Fairey
www.obeygiant.com

muthafuckin good

2 dos 100 desenhos de Tyler Landry.

Agradecimento deluxe

Ontem segurei a porta alguns segundos mais do que talvez fosse esperado, e a senhora quando passou para o lado de cá a empurrar o carrinho de compras disse: “Um obrigado especial.”

terça-feira, maio 09, 2006

Trabant

trabant

Num país distante, num tempo que já passou, milhões de pequenas pessoas esperavam vinte anos por este pequeno clássico. Os seus grandes camaradas do partido também tinham direito a ele. Numa versão com mais extras. "Full-extras" que é como se diz agora.

A persistência da memória mostra como tudo se repete, uma e outra vez, num devir ora irónico ora triste.
Podemos mudar os carros e mudar as estátuas e os partidos e os políticos e o raio que nos carregue mas os "full-extras" desta vida andam sempre por ai, para nos dar palmadinhas nas costas e por na linha.

quarta-feira, maio 03, 2006

Pegatinas

nocarteles

retro

pffffff

Paz à sua alma

burried

Uma das intervenções artísticas que gostei mais em Barcelona não foi uma "pegatina" ou um stencil, mas sim uma pequena cruz que transformou completamente os sinais de obras.

Foodball

Foodball

As bolas estavam boas (especialmente as doces) e a bancada tinha boa vista.
O jogo ficou 3-3.

Border Town

(c) David Perry

Para um director de arte ou um designer de moda pode não passar de um "mood", uma estética interessante para um anúncio ou uma colecção primavera-verão.

Mas para além deste requinte "trash" encontramos a fantástica cultura popular americana, que não tem paralelo na Europa. Esse pais que como diz alguém num filme: "ama-se e odeia-se por igual".

Mais em David Perry Studio.

terça-feira, maio 02, 2006

Type it.

(c) Mark Simonson Studio

Letras. Tanto que se pode fazer com elas, até poesia.
Mais em Mark Simonson Studio.

amorica

amorica

Capa original do álbum de 1984 "amorica" dos The Black Crowes.
A fotografia foi retirada de uma edição especial da revista Hustler de 1976.

amorica2

Capa limpa após um banho de censura.

Parece que a liberdade de expressão sempre foi mais fraca que o puritanismo das sociedades fortemente moralizantes.
Parece ridiculo que uma imagem ou ideia possam ofender alguém.

Quando apenas os paus e as pedras partem os ossos.