quinta-feira, maio 18, 2006

Ele notoriamente auto-complacente, investia toda a sua generosidade na auto-ironia

Considero o Pedro Mexia um fenómeno recente, pelo menos para mim, até porque está sempre a aparecer aqui e ali, portanto é sempre recente. O personagem Mexia está algures entre um Woody Allen lusitano que nos relata os seus problemas com as mulheres e um Nuno Rogeiro, revisto e aumentado.

Na mesa redonda em que se discutiu a vida e obra de Samuel Beckett, Mexia foi o único que despertou verdadeiramente o interesse da plateia, mais do que o encenador/actor que trabalhou com Beckett, mais do que a professora de Drama da universidade de não-sei-onde e mais do que a auto-centrada actriz Graça Lobo que também teve graça, mas involuntária. “Ele gostava muito de mulheres bonitas. De mulheres com graça. Ele era um génio.” Disse, entre outras frases preciosas, a actriz. Depreende-se então que todos os homens que gostam de mulheres bonitas são geniais. Mas voltando a Mexia, na mesma mesa redonda assumiu-se como o não-especialista entre os especialistas, algo em que se estava a tornar um especialista. E depois falou pouco (essencialmente sobre o facto de Beckett escrever as suas peças tanto em inglês como em francês) e bem, como poucos especialistas sabem fazer.

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