quarta-feira, maio 23, 2007

31

Soneto de aniversário

Passem-se dias, horas, meses, anos
Amadureçam as ilusões da vida
Prossiga ela sempre dividida
Entre compensações e desenganos.

Faça-se a carne mais envilecida
Diminuam os bens, cresçam os danos
Vença o ideal de andar caminhos planos
Melhor que levar tudo de vencida.

Queira-se antes ventura que aventura
À medida que a têmpora embranquece
E fica tenra a fibra que era dura.

E eu te direi: amiga minha, esquece...
Que grande é este amor meu de criatura
Que vê envelhecer e não envelhece.

(Vinicius de Moraes - Rio, 1942)

Acho que cheguei finalmente à idade em que vou começar a pensar em pensar na idade. O poema foi surripiado à Lady Stardust, a única mulher que se deita todas as noites com o Vinicius.

1 comentário:

Anónimo disse...

Deito e recomendo.
Feliz aniversário, liiiiiiiiiindo...