quinta-feira, abril 21, 2005

- Como é que morreu a tua avó?

Aparecem empilhados e mal dispostos, cinzentos, húmidos e peganhentos.
Requintados com orégãos e sal, cozidos com palavras de afogamento e desejos de paladares picantes.
Aí estão eles finalmente, geladamente acompanhados pela nossa amiga de sempre.
Venham brindar-nos com o cheiro do calor da terra,
com o ardor quente do verão que espreita,
e quando curvados perante tal visão desarrumada:
não falamos
não resmungamos
não sorrimos
só engolimos
aceleradamente um atrás do outro
mais um
e mais outro
hummmm
e outro
e outro
...
- Como é que morreu a tua avó?
- De repente! Respondo.
E mais um
e mais outro
e outro
e aquele ali... de fora a querer namorar a minha língua
anda cá...
que bom podermo-nos encontrar de novo.
Sim! sim! mais uma travessa.

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