quinta-feira, julho 14, 2005

Álvaro Cunhal, a sua irmã, o cardeal patriarca e os restantes clérigos.

Sempre que oiço um comunista - dos que são comunistas a vida toda, lutaram, foram presos e torturados - sinto uma estranheza muito grande. A mesma estranheza que sinto quando - muito raramente - encontro um padre com uma fé verdadeira e não com a velha lengalenga de seminarista com sotaque minhoto.

A coragem e a luta inabalável por um ideal é uma coisa que me comove, fala suave ao meu ouvido quixotesco. Mas quase sempre esta coragem e luta por valores estão associadas a um dogmatismo profundo e a uma incapacidade em questionar a coisa em que se acredita. Pois que quando analisamos racionalmente estas coisas é quase inevitavel concluír que não são como se vendem, nem salvarão ninguém, apenas alguns, apenas os do costume.
E então a minha admiração por estas pessoas diminui. Descrente de tudo, racionalista sempre, fico vazio de heróis, de ideologias e de fé.

Resta-me trabalhar para ganhar dinheiro e poder almoçar todos os dias no Painel.
Porque nas pataniscas, nos filetes e na cabidela eu acredito.

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