Estás sozinho? O account não te compreende?
Parece que falas uma língua germânica?
O produtor só percebe de gramagens e pantones?
Então lê, porque estas palavras são a salvação.
Dez Mandamentos Dez
Para O Trabalho De Projecto em Design de Produto/Industrial/Ambientes
(ou 3D no calão de agência de publicidade)
1. As leis da física aplicam-se de igual forma sobre todos os corpos.
2. Três dimensões complicam mais que duas.
3. O tempo para fazer desenhos técnicos é essencial.
4. Os materiais têm sempre razão.
5. Não se pode submeter a funcionalidade ao conceito. As pessoas têm sempre que poder usar as coisas em condições dignas.
6. Mesas em forma de lagosta e cadeiras com feitio de calhambeque não são normais. Nunca.
7. O cliente tem sempre razão. Mas os materiais e os pontos de soldadura ainda têm mais.
8. As peças não são impressas, pelo que não podem ser feitas 24 sobre 24 horas. Ou seja, a qualidade da mão-de-obra é inversamente proporcional à quantidade de horas consecutivas de trabalho.
9. Acompanhamento. Muito acompanhamento. Em caso de dúvida, acompanhamento. Quanto menos acompanhamento mais o fornecedor inventa. E a criatividade não é com ele.
10. Os acabamentos não são um luxo, os materiais escolhidos não são um capricho. Quando o orçamento é reduzido e estas escolhas são alteradas o trabalho fica comprometido. Trocar um contraplacado por um aglomerado não é a mesma coisa que reduzir a gramagem de um papel.
in "A Vassoura e o Penico", Por editar, 2005
segunda-feira, fevereiro 28, 2005
Post Utilitário
Postado por Sr. Nefasto às 12:44 da tarde 0 comentários
The Call
Isto era um blog moderno e cheio de ideias, design e outras coisas do género, mas nada disso é grande coisa quando comparado com aquilo que interessa. Para os 3Pastelinhos não pensarem que só eles é que têm fotos que valem a pena.
Esta menina veio visitar-nos desde www.agentprovocateur.com
Postado por Sr. Nefasto às 12:24 da tarde 0 comentários
sexta-feira, fevereiro 25, 2005
Por acaso
A marca do lado esquerda foi criada por acaso, a marca do lado direito foi criado para o caso. De que maneira lidamos com as coincidências? Interagimo com elas ou ignoramo-las? A fotografia foi tirada num antigo edifício dos correios de Amesterdão, no décimo primeiro andar, mais precisamente no Café/Restaurante/Club Eleven que oferece uma vista inesperadamente abrangente da cidade.
O edifício alberga temporariamente o Stedelijk Museum CS (perto de Central Station) e concordo com o meu amigo Paulo que diz que assim é que deve ser um museu de arte moderna: improvisado, com buracos no chão, memórias de outras funções (restos de azulejos de casa de banho) e flirts com o efémero.
Voltando ao Eleven, o menú tem 3 páginas com a descrição da oferta da casa, as restantes estão em branco e funcionam como guest book para serem preenchidas pelos clientes.
http://www.stedelijk.nl/
Postado por O Despachante às 7:23 da tarde 1 comentários
KO
"Winners are simply willing to do what losers won’t.”
Diz um dos cartazes do Hit Pit Gym que Eastwood filma várias vezes ao longo do treino da Million Dollar Baby.
http://milliondollarbabymovie.warnerbros.com/intro.html
Postado por O Despachante às 5:18 da tarde 0 comentários
The pictures of my desire
Sr. Funesto, a inveja que me dão as suas preciosas imagens. Tão carinhosamente respigadas. Um destes dias mando-lhe qualquer coisa que se veja. Da minha parte, em boa verdade lhe digo que se o mundo está cheio de imagens, a maioria sem sentido ou leitura possível, o meu caro sócio tem o dom de isolar coisas belas onde os outros nada encontram. Um brinde de cerveja preta a essa moldura preta que rodeia as suas imagens e que nos permite ver com maior clareza a beleza que - malandra ela - se esconde em qualquer lugar.
Claro que existe outra beleza, de uma natureza diferente, que chega sem pedir autorização, que enche a alma até não deixar espaço para mais nada. O último filme do Sr. Clint Eastwood tem essa natureza. Perfeita natureza humana, perfeita no sangue derramado, no medo e na coragem. Que nos resta aos ateus se não acreditar na magnífica mortalidade do ser humano? Nessa grandeza que existe em lutar por coisas que ninguém quer e morrer feliz quando mais ninguém sabe que se venceu.
Postado por Sr. Nefasto às 3:44 da tarde 0 comentários
Quando a moda está onde deve estar.
Sou bastante imune à moda. Algumas roupas que usava quando tinha 16 anos agora já não as uso, mais por uma questão de preguiça do que de gosto. Ou a minha cabeça não acompanhou a idade e continuo a ver as coisas como um adolescente de cabeça virada do avesso ou então não era tão disparatado quanto isso.
A moda nos seus inconstantes devires, sempre autofágica e ávida de pastiches utiliza agora em abundância coisas que me atraíam muito há dez anos atrás. Agora as raparigas usam roupas e adereços com uma carga de agressividade rock'n'roll, têm poses e atitudes de bad girl, tudo coisas a que - confesso - acho muita piada. É show-off, é um revivalismo neo-punk esvaziado de conteúdo e anacrónico, mas eu gosto. Pior, acho que vou gostar sempre daquele olhar de noite por dormir, de cervejas a mais, de tudo a mais.
Se chegar a velho, vai ser irónico continuar a dizer frases adolescentes tipo James Dean: "Vive depressa, morre jovem e deixa um bonito cadáver".
Postado por Sr. Nefasto às 3:27 da tarde 0 comentários
Procura-se
Em Amesterdão um estudante procura quarto para alugar. O que fazer? Neste caso fez um graffitti numa parede que diz "estudante procura quarto" e escreveu o número de telefone por cima.
Parece-me bem melhor que um anúncio nos classificados.
Postado por O Despachante às 12:40 da tarde 0 comentários
quinta-feira, fevereiro 24, 2005
Estou Cansado
Estou cansado, é claro,
Porque, a certa altura, a gente tem que estar cansado.
De que estou cansado, não sei:
De nada me serviria sabê-lo,
Pois o cansaço fica na mesma.
A ferida dói como dói
E não em função da causa que a produziu.
Sim, estou cansado,
E um pouco sorridente
De o cansaço ser só isto —
Uma vontade de sono no corpo,
Um desejo de não pensar na alma,
E por cima de tudo uma transparência lúcida
Do entendimento retrospectivo...
E a luxúria única de não ter já esperanças?
Sou inteligente; eis tudo.
Tenho visto muito e entendido muito o que tenho visto,
E há um certo prazer até no cansaço que isto nos dá,
Que afinal a cabeça sempre serve para qualquer coisa.
Álvaro de Campos
Postado por O Despachante às 12:25 da tarde 1 comentários
quarta-feira, fevereiro 23, 2005
No title
Para descobrir como a negação pode ser uma forte e subversiva afirmação, visitar www.thenofoundation.com
Postado por O Despachante às 8:29 da tarde 0 comentários
terça-feira, fevereiro 22, 2005
Entre cá e lá
Tem sido sempre uma desilusão voltar de lá e sentir que cá, está tudo na mesma. Agora, depois de regressar de uma curta ida à terra dos cogumelos mágicos, pela primeira vez, algo tinha realmente mudado: o Governo.
Pareceu-me sempre injusto que depois de uma viagem ou de uma fuga revigorante o local de partida não acompanhasse a mudança de quem foi, viu e voltou. O ramerrame do quotidiano com o seu peso seco parece aniquilar qualquer desejo de mudança, de injecção de paixão aos dias. Claro que a mudança de Governo promete ser apenas fogo de vista, e tornou-se motivo de piada entre amigos perguntar com o regresso: Então está tudo na mesma? O Governo caiu? A verdade é que a mudança, a vontade de improvisar e de me deixar levar pelo inesperado se tem tornado numa obsessão adormecida. Sinto-me cheio de projectos prontos a rebentar em actos, mas que os dias cinzentos tendem a perpetuar cá dentro. Vejo este manequim fixo numa montra a olhar para o que passa e não consigo deixar de me sentir identificado. Será este o paradigma do português? Será que a nacionalidade é uma doença? É fácil culpar o pais, o governo, o tempo, a infância ou o cocó de cão nos passeios, a verdade é que eu sou o principal culpado de sentir um certo e quase crónico “entre cá e lá”.
Agora regressado quero ser outro e preciso de ser acompanhado de perto.
Postado por O Despachante às 7:07 da tarde 0 comentários
Citação pós-eleitoral
"Não há nada tão estúpido como a inteligência orgulhosa de si mesma"
Mikhail Bakunine, in "A Liberdade"
Postado por Sr. Nefasto às 10:38 da manhã 0 comentários
quarta-feira, fevereiro 16, 2005
Post-modern
Os livros dele não me dizem nada. Ou melhor, fico com a impressão passadas vinte páginas que aquelas palavras não são para mim, foram escritas de si para si apenas. Mas nas suas crónicas da Visão – minha menina – encontro coisas que me dizem muito.
A última que li contava ele que não tinha muitos amigos, nem era grande companhia pois não gostava de conversar, mais facilmente se entretinha sozinho, a brincar dentro da sua cabeça, a alinhar palavrinhas. Também não tinha cartões, Multibanco ou
Visa, andava com o dinheiro no bolso como os vendedores ambulantes e os traficantes de esquina. E agora tinha como companhia um velho bêbado que o convidava a beber com o dinheiro que lhe pedia e o aconselha a não se dar com os brutos da tasca que lhe tiram a educação – doutor.
E como gostaria de se deitar com o velho bêbado à soleira da tasca e dormir.
Eu tenho alguns cartões e uma hipoteca e um contrato de prestação de serviços e um cartão do ginásio.
Algo se perdeu dentro de mim. Ou pela falta de álcool ou por outra coisa qualquer. Sinto falta dos tempos de adolescente, passados na margem da legalidade, entre sestas no jardim público e garrafas de Sagres de litro.
Agora é mais Autocad e 3dMax. Desenhos técnicos e renders. Mesh, nurbs e splines. Para fazer merdas. Merdas que pagam o IVA e o IRS, e a segurança social que ainda não me mandou o cartão. Alguém que me dê um razão para tanto cartão.
Matem de pós-moderna morte todos os cartões.
A irmã Lúcia tinha lucidez para não ter cartão?
Postado por Sr. Nefasto às 3:21 da tarde 0 comentários
segunda-feira, fevereiro 14, 2005
A Catástrofe da Líbido
Por volta de 1860 Karl Marx diz que o capitalismo se vai defrontar com o seu limite que é a sobreprodução e a baixa tendencial do lucro.
E de facto ele tinha razão. Desde o final do século XIX há uma crise económica. E essa crise vai ser resolvida pela I Guerra Mundial, a um preço muito alto, com os seus milhões de mortos. Logo depois da I Guerra Mundial há um “boom” económico novamente, porque a guerra absorveu a sobreprodução. Mas imediatamente regressam os problemas de sobreprodução nos Estados Unidos, em 1929, com a famosa crise da bolsa. E é nos Estados Unidos que se vai desenvolver, para lutar com este problema, a técnica do “marketing” que consiste em captar a atenção libidinal dos indivíduos. O capitalismo do século XX tomou posse de todos os sistemas simbólicos para poder assegurar o consumo.
(…) esse trabalho de captação da libido começa hoje a atingir os seus limites. (…)
O capitalismo chegou ao momento em que está a soçobrar a eficácia simbólica do seu mecanismo de captação da libido. O que conduz ao falhanço do modelo de produção/consumo. (…) Se não conseguirmos criar novos modelos de desejo a partir de uma racionalidade industrial, caminhamos para a catástrofe. (…) Os capitalistas estão hoje extremamente inquietos, sentem que há um risco de ruptura. Por exemplo, na indústria automóvel, as classes média e superior já não compram automóveis em número suficiente. (…) "Catastophè" quer dizer o fim de uma história (...)
Excertos de uma entrevista a Bernard Stiegler, filósofo francês, na Actual do Expresso de 15 de Janeiro.
Postado por O Despachante às 3:10 da tarde 0 comentários
segunda-feira, fevereiro 07, 2005
Arte
Edward Albee said: "the purpose of art is hold a mirror up to the audience's noses and say: This is who you are... now change".
Postado por Sr. Nefasto às 11:11 da manhã 2 comentários
sexta-feira, fevereiro 04, 2005
Sticker City
Caros visitantes de outras galáxias, aqui está mais um belo exemplo de arte urbana. Obrigado a quem teve a ideia de fazer autocolantes/olhos para dar novos significados à paisagem e diversos habitantes da cidade.
Postado por O Despachante às 4:39 da tarde 0 comentários
quinta-feira, fevereiro 03, 2005
Post de última hora.
Tanto tempo morto. Morto sem honra pelas costas, sem uma palavra de respeito. Tempo morto com trabalho inútil, trabalho que não vair fazer bem nenhum ao mundo, nem a mim.
Olho em frente e vejo o monitor quando devia ver o horizonte.
Esse horizonte que está por vezes demasiado longínquo.
Postado por Sr. Nefasto às 6:00 da tarde 0 comentários
Jogo sujo
Chegou-me esta nota original às mãos, o que é bom e mau. Por um lado é uma óptima peça de contra-cultura, o dinheiro como uma brincadeira e a economia como um jogo viciado. Por outro, não sei se me vou conseguir livrar da nota. Será uma campanha subversiva da Monopoly? Nota: a nota é verdadeira, o logotipo está carimbado.
Postado por O Despachante às 1:07 da tarde 0 comentários
quarta-feira, fevereiro 02, 2005
Tenho um estafeta à espera para enviar dois jpg’s
Os accounts são precisos?
Não, são imprecisos.
Postado por O Despachante às 11:18 da manhã 0 comentários