Por volta de 1860 Karl Marx diz que o capitalismo se vai defrontar com o seu limite que é a sobreprodução e a baixa tendencial do lucro.
E de facto ele tinha razão. Desde o final do século XIX há uma crise económica. E essa crise vai ser resolvida pela I Guerra Mundial, a um preço muito alto, com os seus milhões de mortos. Logo depois da I Guerra Mundial há um “boom” económico novamente, porque a guerra absorveu a sobreprodução. Mas imediatamente regressam os problemas de sobreprodução nos Estados Unidos, em 1929, com a famosa crise da bolsa. E é nos Estados Unidos que se vai desenvolver, para lutar com este problema, a técnica do “marketing” que consiste em captar a atenção libidinal dos indivíduos. O capitalismo do século XX tomou posse de todos os sistemas simbólicos para poder assegurar o consumo.
(…) esse trabalho de captação da libido começa hoje a atingir os seus limites. (…)
O capitalismo chegou ao momento em que está a soçobrar a eficácia simbólica do seu mecanismo de captação da libido. O que conduz ao falhanço do modelo de produção/consumo. (…) Se não conseguirmos criar novos modelos de desejo a partir de uma racionalidade industrial, caminhamos para a catástrofe. (…) Os capitalistas estão hoje extremamente inquietos, sentem que há um risco de ruptura. Por exemplo, na indústria automóvel, as classes média e superior já não compram automóveis em número suficiente. (…) "Catastophè" quer dizer o fim de uma história (...)
Excertos de uma entrevista a Bernard Stiegler, filósofo francês, na Actual do Expresso de 15 de Janeiro.
segunda-feira, fevereiro 14, 2005
A Catástrofe da Líbido
Postado por O Despachante às 3:10 da tarde
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário