sexta-feira, setembro 30, 2005
quinta-feira, setembro 29, 2005
Vocês sabem lá
Depois de deambularmos por Alfama chegámos, cedo.
O cicerone/cantor estava à porta de mãos a tremer. “Estamos à espera de uns amigos, não vamos entrar já.” – dissemos. “Pois, eu também estou à espera de um colega para me ir comprar cigarros.” “Nós vamos lá.” E assim fomos com as moedas tremelicantes que nos deu para a mão. É bom constatar que na grande cidade (para ler com um tom sarcástico) ainda há pessoas que confiam em aparentes desconhecidos. Depois de umas quantas garrafas de vinho e várias escolhas falhadas de pratos, depois de vários conhecidos artistas (Mena Sobral, Manuel Tony e outros convidados), depois de o cicerone dar várias lições de firmeza na voz, capturei-o assim, respeitoso e sereno, a este Dragão de Alfama.
Postado por O Despachante às 10:07 da manhã 4 comentários
quarta-feira, setembro 28, 2005
Frase do Briefing II
"O nosso interlocutor é pouco seguro e pretende ter uma boa proposta ao menor preço."
Postado por Sr. Nefasto às 2:47 da tarde 0 comentários
Frases do Briefing I
"Impactante do ponto de vista do design e dos materiais a utilizar (importante: a identidade ... é prata)"
Postado por Sr. Nefasto às 11:38 da manhã 0 comentários
terça-feira, setembro 27, 2005
Cartridge
Antes do iPod e dos mp3, antes dos Discman e CD's, antes das cassetes, autorádios e tijolos de ombro, nos finais dos anos 60, os vinis viviam em união de facto com estes objectos.
Obrigado Sr. Moreira pelo objecto e foto.
Postado por O Despachante às 12:00 da tarde 2 comentários
sexta-feira, setembro 23, 2005
Lavar os olhos
Estou muito triste com aqueles entre vocês que não foram ao museu do Chiado ver e ser as "One Minute Sculptures" do sr. Erwin Wurm. Muito mesmo.
Postado por O Despachante às 5:06 da tarde 1 comentários
Zapping de coisas sobreouvidas
“Para poder investigar causas de impotência investigadores criaram uma tinta verde fluorescente para o esperma.”
“Médicos vão escolher primeiro doente para transplante de cara.”
“Quando a conversa aumenta de interesse, o nível baixa.”
Postado por O Despachante às 10:59 da manhã 1 comentários
Partilha
A Fátima está em liberdade, uma das poucas pessoas que desejo ardentemente ver encarceradas.
O Sr. Dr. Paulo Macedo envia-me esta carta para a conta do Hotmail (serei inconsciente?)
"Ex.mo(a) Senhor(a): A DGCI disponibilizou na sua página da Internet (www.e-financas.gov.pt), duas novas funcionalidades, de que gostaria de lhe dar conhecimento:
1. – A CONSULTA DE DÍVIDAS EM EXECUÇÃO FISCAL E O RESPECTIVO PAGAMENTO.[...]
2. – A CONSULTA DOS PROCESSOS DE CONTRA-ORDENAÇÃO POR INFRACÇÕES FISCAIS, BEM COMO O PAGAMENTO DAS RESPECTIVAS COIMAS.[...]
O Director-Geral dos Impostos, Paulo José Ribeiro Moita de Macedo."
Postado por Sr. Nefasto às 9:23 da manhã 3 comentários
quarta-feira, setembro 21, 2005
Num Solar assim
Num Solar assim, numa noite Destas, o mendigo Tal veio ter comigo como sempre.
Numa cortesia ensaiada pediu-me um cigarro, por favor.
Num sorriso mais de mim do que para ele estendi-lhe o cigarro.
Recebi um "Merci bien", porque para o mendigo Tal eu já podia ser um francês qualquer.
Afastou-se com o seu sobretudo preto e o seu panamá branco,
foi meter conversa com os ingleses do lado. "Bon Soir my dears, do you have fire?".
Bem podia ser um Lord que bebeu demasiado gim no fim de tarde e rebolou pelo campo de críquete.
Peço outra cerveja. Podia pedir mais outra e outra mais.
Para me ir sentar ao lado do mendigo Tal.
Esta estranha familiaridade, como se fosse um daqueles clientes de sempre,
da mesa marcada e prato do dia.
O mendigo Tal passa de novo, como se fosse a primeira e sempre a mesma vez.
O empregado traz mais outra cerveja que ainda não pedi. Mais ia pedir.
Acendo o Cigarro. Igual ao anterior e ao seguinte.
Postado por Sr. Nefasto às 5:19 da tarde 2 comentários
Tavira em itálico
E como não há coincidências aproveito para saudar a chegada dos nossos novos vizinhos do lado. Partilhamos inclusive o patamar.
Postado por O Despachante às 11:06 da manhã 0 comentários
Terrorismo ou golpe de misericórdia para com o banal?
Como calculo que os nossos ilustres visitantes ainda não tenham explorado com a devida atenção os links que dispusemos aqui do lado direito, aqui vai um cheirinho de bom terrorismo visual.
Postado por O Despachante às 9:54 da manhã 2 comentários
terça-feira, setembro 20, 2005
Vingança objectiva
- No outro dia não gostei da maneira como me trataste num sonho. Estamos de relações cortadas.
Postado por O Despachante às 8:56 da manhã 1 comentários
segunda-feira, setembro 19, 2005
Experimenta? Qual Experimenta?
Experimenta é uma revista sobre a cultura do projecto: desde a ideia geradora e o seu contexto até à produção definitiva e à sua influência na sociedade. Apresenta-se como um projecto comum entre designers, leitores e empresas do mundo do design. Tem secções fixas como o "Observatório", onde se examinam as novas tendências e novidades, "Documentos" como contribuições teóricas dos principais nomes do design, da crítica de design e da estética, e "Perfil" uma monografia sobre o percurso de um designer ou de um atelier de design. Existe desde 1989 e foi fundada em Madrid.
A outra Experimenta existe desde 1999 e é uma Associação Portuguesa. Tenho entre outras maravilhas "experimentais" esta última história:
EXD05, Exposição na Estufa Fria, domingo - 1º dia após a inauguração - 5h da tarde, à porta informo o porteiro ao que ia: “Venho ver a exposição da Experimenta”, ele responde: "Claro, mas tem que pagar a entrada, são 1.5euros por pessoa", "Está bem". Dois longos minutos depois, e porque conhecia a Estufa Fria, já que nenhuma indicação no interior nos levava até à exposição - isto deve ser Design do moderno - chego à entrada. Desde dentro um segurança faz-me sinais de fechado. Mas que é isto? Bato à porta, obrigando o segurança a mexer-se e a abrir a boca: "Está fechado.", "Desculpe?", "Já lhe disse, está fechado, temos que fechar 30 minutos antes para desligar os computadores", "Mas na entrada venderam-me o bilhete...", "Não tenho nada com isso".
Um minuto mais tarde - que irritado ando mais depressa - estou na portaria.
"Nós aqui não sabemos de nada, nem sequer temos um programa para informar as pessoas, não sabemos qual é o horário", "Mas neste cartaz gigante e masturbatório sobre a porta não vem o horário?", "Não."
Entretanto chega um rapaz - voluntário, seguramente - que diz: "Pois, lamento, nós não dissemos nada, mas ninguém nos disse nada."...
Enfim, nem me apetece continuar com isto.
Não vou voltar a falar nesta gente, nos seus centos de convites para os seus centos de festas, das exposições de coisa nenhuma que vão a lado nenhum, nunca mais.
Postado por Sr. Nefasto às 11:15 da manhã 4 comentários
sexta-feira, setembro 16, 2005
Filosofia oriental
- JÁ REPARASTE COMO AS PESSOAS TENTAM SEMPRE FAZER DUAS COISAS DE UMA SÓ VEZ? FALAM AO TELEFONE ENQUANTO CONDUZEM, VÊEM TV ENQUANTO COMEM, OUVEM MÚSICA ENQUANTO TRABALHAM. AS PESSOAS NÃO SE DEDICAM A UMA SÓ COISA PARA A SABOREAREM OU FAZEREM-NA BEM.
- ESTÁS A DAR CABO DA MINHA CONCENTRAÇÃO. (DIZ HOBBES A DORMITAR NUM TRONCO DE ÁRVORE)
- NÓS DEDICAMO-NOS A NÃO FAZER NADA!
Enquanto lia esta tira do Calvin, atravesso a rua e um carro quase me atropela porque o condutor lutava com um macaco de nariz.
Postado por O Despachante às 10:00 da manhã 0 comentários
quinta-feira, setembro 15, 2005
Sink
"Drama is life with the dull bits left out."
Sir Alfred Hitchcock
Mas caro Sir, o enfadonho pode ser fascinante, por exemplo: adoro este simples e banal lavatório.
Postado por O Despachante às 3:50 da tarde 0 comentários
quarta-feira, setembro 14, 2005
Johnny Cash, part II
I was about nine years old and I was watching the TV with my mother and father. This was in the town that I grew up in Victoria, Australia. Anyway, The Johnny Cash Show came on...the first time on Australian television. At this time I had no real concept of what music was about, or even that it particularly interested me. The show started off with Johnny Cash's back to you, silhouetted, and then he'd swing around, look into the camera, and say, "Hello, I'm Johnny Cash," and then off he goes, you know, the man in black. I remember that very, very clearly, because it was the first time that I saw, what was to be the forbidden side of rock and roll. It was my first taste of the outlaw in rock music, and I suddenly took an interest in rock and roll music. Before that I was listening to the Tijuana Brass, you know, "Spanish Flea", stuff like that. I still had a child's view of music. So I guess you could say that Johnny Cash broke my cherry. What I thought at the time, as a kid in short trousers, was that I saw something evil in music, and that had a huge effect on me. So all through my life - all through my growing up, through my teens, through punk music, through the music I make now, Johnny cash has always been there.
—Nick Cave
Postado por Sr. Nefasto às 2:09 da tarde 1 comentários
The Man Comes Around
There's a man going around taking names
And he decides who to free and who to blame
Everybody won't be treated all the same
There'll be a golden ladder reaching down
When the Man comes around
The hairs on your arm will stand up
At the terror in each sip and in each sup
Will you partake of that last offered cup?
Or disappear into the potter's ground
When the Man comes around
Hear the trumpets, hear the pipers
One hundred million angels singing
Multitudes are marching to the big kettledrum
Voices calling, voices crying
Some are born and some are dying
It's Alpha and Omega's kingdom come
And the whirlwind is in the thorn tree
The virgins are all trimming their wicks
The whirlwind is in the thorn tree
It's hard for thee to kick against the pricks
Till Armageddon no shalam, no shalom
Then the father hen will call his chickens home
The wise man will bow down before the thrown
And at His feet they'll cast their golden crowns
When the Man comes around
Whoever is unjust let him be unjust still
Whoever is righteous let him be righteous still
Whoever is filthy let him be filthy still
Listen to the words long written down
When the Man comes around
Hear the trumpets, hear the pipers
One hundred million angels singing
Multitudes are marching to the big kettledrum
Voices calling and voices crying
Some are born and some are dying
It's Alpha and Omega's kingdom come
And the whirlwind is in the thorn tree
The virgins are all trimming their wicks
The whirlwind is in the thorn tree
It's hard for thee to kick against the pricks
In measured hundred weight and penny pound
When the Man comes around.
Johnny Cash, AMERICAN IV: The Man Comes Around.
Postado por Sr. Nefasto às 10:25 da manhã 3 comentários
e
"e tratava das tarefas domésticas como se eu não existisse, ou fosse da casa, o que dá no mesmo."
Chico Buarque - Budapeste
Postado por O Despachante às 9:12 da manhã 0 comentários
terça-feira, setembro 13, 2005
Desenho sincronizado
Durante 10 minutos eu e o Mr.Crumb estivemos - muito provavelmente - a pensar no mesmo.
Que grande privilégio.
Postado por Sr. Nefasto às 6:00 da tarde 3 comentários
Sem saida
Temos aqueles espelhos nos cruzamentos e entroncamentos. Para ver quem vem lá, para ver o caminho que se esconde depois daquela esquina mais apertada. E temos outros espelhos que apontamos para o futuro mas que não reflectem nada, não mostram nenhum caminho.
Damos nomes inteligentes a esses espelhos. Fazemos cartazes a fingir que compreendemos os nomes inteligentes, como se fossemos tão inteligentes como os nomes que temos.
Mas é tudo uma casca, uma película aderente de curta duração. Depois as mesmas pessoas com as mesmas conversas, para mais beberetes e fotografias nas revistas.
Que asco.
Postado por Sr. Nefasto às 9:14 da manhã 0 comentários
segunda-feira, setembro 12, 2005
jacarandá
Não sei como é que foi possível. Tenho mesmo dificuldades em encarar-me. Como é que eu pude deixar passar em claro um dos acontecimentos mais marcantes de Lisboa? Que desleixo o meu só agora dar espaço neste canto escuro às árvores que salpicam a cidade de lilás e tornam peganhentos os passeios. Foto tirada em Junho a partir de uma janela do bar do Chapitô.
Postado por O Despachante às 4:50 da tarde 3 comentários
sexta-feira, setembro 09, 2005
Empenas
São tantos os casos em que a destruição é bela que talvez nos devessemos preocupar. Talvez.
Postado por O Despachante às 6:07 da tarde 0 comentários
quarta-feira, setembro 07, 2005
Ashes to ashes
This Fire
Eyes
Boring a way through me
Paralyze
Controlling completely
New
There is a fire in me
Fire that burns
Fire that burns
This fire is out of control
I'm going to burn this city
Burn this city
If this fire is out of control
Then i
I'm out of control
And i burn
Eyes
Burning a way to me
Overwhelm
Destroying so sweetly
New
There is a fire in me
Fire that burns
Fire that burns
This fire...
Franz Ferdinand
No passado dia 28 de Agosto o Festival Lisbon Soundz misturou Bunnyranch, Jimmy Chamberlin Project, Mogwai e Franz Ferdinand com o cheiro a peixe da Docapesca. Dos primeiros não reza este post, ainda era muito cedo; o segundo, projecto do ex-baterista dos Smashing Pumpkins confundiu tudo: música com ruído e público dos smashing com público dele; os terceiros foram demasiado bons para todo aquele ar livre, mas bons; os quartos foram figuras-espectáculo com tudo pensado ao milímetro para, um dia, daqui a pouco tempo, serem percepcionados como super-estrelas da música. Tão pensado que nem cantaram um dos seus hits “This Fire” por respeito a um pais assolado pelos incêndios. Ninguém haveria de se preocupar com a ironia da letra, mas foi atencioso. Até porque a letra fala de uma cidade a arder, segundo li é uma referência ao clássico “Margarita e o Mestre “ do escritor russo Mikhail Bulgakov, onde a personagem principal incendeia Moscovo. Já agora e para dissipar quaisquer dúvidas, nenhum dos membros da banda se chama Franz, o nome foi roubado ao arquiduque da Áustria Franz Ferdinand Karl Ludwig Joseph, cujo assassinato em Sarajevo desencadeou a Primeira Guerra Mundial. Ah, e o raio da música não me sai da cabeça.
Postado por O Despachante às 3:06 da tarde 0 comentários
Hipóteses
Se ponderasse fazer uma tatuagem ao mesmo tempo que pusesse a hipótese de mudar de sexo era isto que eu quereria.
Postado por O Despachante às 2:20 da tarde 2 comentários
terça-feira, setembro 06, 2005
A paisagem repetida
Oliveiras e mais oliveiras e os sobreiros do costume com ceroulas vermelhas acima da cintura. Há uma planície praticamente inalterável enquanto se vai intervalando várias terras e terreolas com o banco de imagem de fundo, Marvão, Portalegre, Sousel, Avis, Casa Branca, Cano, Água Todo o Ano, Domingão, Cansado. Tanta ironia nestes nomes, demasiada. Desconfio da arrumação, desconfio quando tudo está direito,
não é natural.
Postado por O Despachante às 10:49 da manhã 2 comentários
La Barbe au Papa
A relação nome-objecto é muitas vezes fruto do acaso, escapando às apertadas malhas da filologia. O "Algodão-doce" em francês chama-se "Barba do Papá", isto é bizarro. Não consigo comer algodão-doce em França, lembro-me logo do pérfido avô da Heidi.
Postado por Sr. Nefasto às 9:45 da manhã 1 comentários
quinta-feira, setembro 01, 2005
Brinhol
Sempre gostei de feiras. Têm neons, lâmpadas fluorescentes, incandescentes e intermitentes. Cheiram a minis e bifanas, a pipocas e algodão doce e acima de tudo têm Brinhol.
Claro que quêm não é do sul não faz a menor ideia do que é o brinhol. Ou do que são as pipas.
Postado por Sr. Nefasto às 9:01 da manhã 9 comentários